Há um ano, o Ambulatório de Oncologia da Santa Casa teve seu serviço autorizado e aprovado pela Vigilância Sanitária. Durante esse período apresentou resolutividade capaz de criar um histórico favorável à conquista da Unidade de Oncologia, que atenderá pacientes de toda a região Sudoeste Paulista e teve sua construção iniciada na última semana.
O oncologista Dr. Marcio Paneghini, que está à frente do Ambulatório de Oncologia desde sua implantação, avalia os resultados conquistados até agora de forma muito positiva. “Gosto de criar projetos a partir do zero. Vim para Itapeva com a proposta de colaborar com a implantação de um serviço de oncologia. O propósito era iniciar atendimento aos pacientes do SUS, em processo de credenciamento, e também aos clientes do convênio Santa Saúde, que é um plano da própria Santa Casa e por conta disso tivemos uma facilidade maior para iniciar o atendimento. Hoje já realizamos cirurgias e quimioterapia”, explica. Acompanhe entrevista com o médico:
– Quem é atendido atualmente no Ambulatório de Oncologia da Santa Casa?
Dr. Marcio: São atendidos pacientes de diversos convênios médicos e ainda alguns pacientes do SUS em vista da pendência da liberação do convênio com a Secretaria Estadual de Saúde. No entanto, o Ambulatório de Oncologia da Santa Casa está em busca do credenciamento definitivo com o Ministério da Saúde. Precisamos criar o que chamamos de série histórica de atendimento para conseguir um teto orçamentário para atender pacientes do SUS.
– Existem vários tipos de câncer. Quais podem ser tratados aqui?
Dr. Marcio: Aqui, por enquanto, estamos atendendo somente adultos. Não fazemos tratamentos pediátrico nem hematológico, por exigir uma maior complexidade, como transplante. Os demais tratamentos, fazemos por completo, desde a admissão do paciente, cirurgia, quimioterapia, entre outras necessidades.
– Qual sua expectativa com relação à implantação da Unidade de Oncologia na Santa Casa?
Dr. Marcio: O envelhecimento da população envolve o aparecimento dessas doenças crônico-degenerativas. Isso envolve um custo social enorme. Quando falamos em tratar o câncer, não basta simplesmente operar e fazer quimioterapia. É preciso tratar o paciente psicologicamente, fisicamente e ainda reinseri-lo à vida social. É dessa forma que o Centro Regional de Oncologia vai atuar; tratar o paciente como um todo.
Os pacientes desta região sofrem com o tipo de tratamento que fazem hoje, pois precisam viajar por muitas horas. Muitas vezes não dispõem de hospedagem na cidade onde fazem o tratamento. Por essa dificuldade, alguns deixam de fazer o acompanhamento de forma adequada. Trazer o tratamento para mais perto deve acabar com esse sofrimento.
– Qual é o tipo de câncer que mais se apresenta aqui na região?
Dr. Marcio: A maior incidência dos pacientes que procuraram o serviço não foge da média nacional: para as mulheres em primeiro lugar é mama e em segundo estômago. Para os homens, próstata em primeiro lugar e em segundo colo retal (intestino grosso).
– Quando um câncer é diagnosticado precocemente podemos falar em chances de cura?
Dr. Marcio: Sim, podemos. Entendemos o diagnóstico precoce da seguinte forma: o paciente apresenta os primeiros sintomas e busca atendimento imediatamente. Vamos citar como exemplo a mulher, a partir dos 40 ou 45 anos, que faz acompanhamento anual, detecta um nódulo na mama no exame mamográfico, e comprova-se a malignidade, muitas vezes é possível resolver apenas com o ato cirúrgico. Quando necessário há continuidade no tratamento, como a quimioterapia, mas as chances de tratamento e cura são grandes.
– A idade do paciente interfere nesse processo?
Dr. Marcio: Não necessariamente. O que se fala, na média mundial, é que o câncer de mama em mulheres mais jovens pode ser mais agressivo por questões hormonais, pois tem possibilidade de desenvolvimento mais rápido. Porém, o tratamento costuma ser praticamente o mesmo em todas as faixas etárias.
– O fato de ter uma Unidade de Oncologia instalada aqui, é capaz de melhorar também o sistema de prevenção da doença?
Dr. Marcio: Sim, pois a partir do momento em que a Rede Básica tem para onde destinar um paciente que está com qualquer exame alterado, as chances de curar um tumor, por exemplo, aumentam. A chance de cura e resolutividade para o cidadão sem dúvida será muito maior com a implantação da Unidade de Oncologia aqui.
– Qual sua expectativa com relação à implantação Unidade de Oncologia na Santa Casa?
Dr. Marcio: Temos a expectativa que com a implantação do serviço chegue também toda a estrutura necessária, como a medicação de última geração. Em breve a medicina vai tratar a quimioterapia como algo do passado. Hoje já existe uma classe de medicação chamada anticorpo monoclonal, para o qual deram o nome de terapia alvo específica, e isso melhora demais o tratamento do câncer, principalmente o tempo de reposta ao tratamento, permitindo um grande avanço na terapia do paciente.
– Como o serviço será iniciado em Itapeva?
Dr. Marcio: Iniciaremos o tratamento em adultos, não importa em qual local esteja a tumoração, de acordo com um número de vagas pré-definido de acordo com a capacidade do hospital.