A Santa Casa de Itapeva é um dos hospitais do interior paulista habilitados a fazer captação de córnea. A parceria com o Banco de Olhos de Sorocaba, um dos maiores do País, contribui para diminuir o tempo de espera de quem aguarda um transplante
A fila para o transplante de córneas no Estado de São Paulo, segundo estimativa da Secretaria Estadual de Saúde, é de apenas 15 dias. A queda expressiva do número de pacientes que aguardam por esse tipo de procedimento é resultado do avanço da tecnologia na área médica, aliado à infraestrutura existente para a captação e distribuição desses tecidos. Há dez anos, o paciente ficava cerca de três anos aguardando uma córnea.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou ter cumprido toda a demanda com a realização de 5.055 cirurgias de janeiro a dezembro de 2013. Nos primeiros quatro meses deste ano, 1.651 pessoas já receberam a membrana.
Além de dar conta da demanda de paulistanos, cerca de 30% das cirurgias realizadas nos 228 hospitais de referência são de outras regiões do país. A maioria dos estados têm filas lentas, como o Rio de Janeiro, onde a espera chega a ser superior a dois anos.
Em Itapeva
Em 2008, a Santa Casa deu o primeiro passo para a captação de córnea, firmando Termo de Cooperação com o Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), que é referência nacional no assunto. Para dar início ao processo de captação dos tecidos oculares, enfermeiros da Santa Casa foram treinados sob a responsabilidade técnica do BOS, obedecendo à legislação vigente.
Quando doadas, as córneas são encaminhadas para o Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), que também é o hospital responsável por fazer os transplantes. Lá, os tecidos vão para um laboratório e passam por, no mínimo, três análises capazes de revelar se podem ou não ser aproveitados. São exames rigorosos, para a segurança dos receptores. Uma córnea pode beneficiar até quatro receptores.
Embora hoje a fila para a espera de córnea seja muito pequena, é preciso conscientizar a sociedade sobre a importância da doação. Na Santa Casa, quando um paciente vai a óbito, a equipe de enfermagem conversa com a família para explicar sobre a possibilidade da doação do tecido e pedir autorização para captação. Apesar disso, o índice de doação ainda é baixo.
Doenças que necessitam de transplante de córnea
Traumatismos Oculares: Suas causas mais comuns são acidentes de trabalho. Cisco
nos olhos, pequenas perfurações e queimaduras com agentes químicos podem levar a perda de transparência da córnea. Para evitá-los recomenda-se o uso de equipamentos e medidas de segurança.
Ceratocone: Ocorre nos jovens e sua causa é desconhecida, mas sabe-se que existe um componente familiar. Pode ser associado com doenças sistêmicas como alergias de pele ou Síndrome de Down. Ela pode progredir por alguns anos e parar ou deformar a córnea. Muitas vezes não é possível corrigir através de óculos ou lentes, sendo necessário transplante.
Complicações em Cirurgias Oculares: Acontece com mais frequência em pessoas idosas. As doençaslevam a perda de transparência da córnea.
Outras causas: Algumas córneas podem ser alteradas por doenças metabólicas ou por degenerações e distrofias, que são doenças de causa desconhecida. O transplante de córnea é o procedimento de maior sucesso entre os transplantes teciduais em humanos e tem sido o mais realizado na atualidade.